sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A real importância do Natal

Olá. Sim, eu dei uma sumida. Tava ocupado. Comendo tender. E panettone. E lombo. E peru. E mais panettone.

Pensei em postar no Natal, mas bateu aquela preguiça filha da puta. Até porque, com todo mundo de férias, ninguém ia acessar o blog mesmo. Afinal, o propósito dele é, em grande parte, distrair as pessoas no trampo, naqueles intervalos “entre jobs” ou quando você realmente não tá com saco de fazer a quinquagésima vigésima terceira mudança tonta que o cliente pediu no “o que quer que você trabalha com” (minha filha gosta de rosa com verde abacate, tem como mudar a cor do logo? E ainda falta movimento nesse texto).

E, enquanto me entupia de comidas natalinas, fiquei pensando em escrever alguma coisa sobre o Natal. Queria falar de como o Natal não tem nada a ver com Jesus ou coisa parecida, que no fundo só celebramos o aniversário de Papai Noel e de Isaac Newton.

Ceia de Natal básica, sanduíche de Panettender®

Mas daí passou um documentário no History Channel sobre a origem do Natal e lá explicou tudo isso, desde as celebrações pagãs de solstício de inverno até o Krampus, um tipo de “Papai Noel Reverso”, um demônio que sequestrava as crianças más no Natal. Por isso desencanei de falar disso.

Só que então eu entrei num questionamento do tipo “por que eu gosto tanto do Natal se sou ateu?” Resposta: comida e presentes. Mas achei essa explicação muito simplória. Comecei a pensar sobre o que o Natal realmente significava. E achei a resposta.

Comida e presentes.

O Natal é a época onde as pessoas mais gastam dinheiro e mais comem no ano (não tenho dados estatísticos pra provar isso, mas também não cacei muito à fundo, preguiça). E isso é fundamental para o bom funcionamento da economia. Nossa sociedade capitalista precisa que as pessoas gastem dinheiro, então nada melhor que dar motivos para as pessoas gastarem dinheiro. Solução: presentes. E comida.

Sério, eu imagino toda uma camada do mercado que só sobrevive por causa de “eventos presentais”, como o Natal ou o dia das mães ou o dia das crianças ou até mesmo aniversários. Tem uma série de coisas que só temos porque ganhamos, não porque compramos para nós.

Pensa um pouco: quantos livros você compra pra você mesmo durante o ano? E quantos você ganha de presente? E quantos desses que você ganha de presente acabam sendo de autores novos ou pura e simplesmente “livros menores” que você tem interesse mas não compraria para si de pura e espontânea vontade?

Eu, por exemplo, nunca teria lido Senhor do Anéis se não tivesse ganho de presente nos idos de 1997. Ou nunca teria virado o fã tarado que sou do Malcolm Gladwell se não tivesse ganho um livro dele.

O mesmo vale para roupas, gadgets, DVDs, etc (antigamente CDs faziam parte dessa lista, mas daí inventaram a internet).

Outra pergunta: quando que você compraria alguma coisa para alguém do seu trabalho se não fosse a porra do amigo secreto da empresa de final de ano? Nunca. Mas, inventando uma necessidade atrelada a uma data, conseguiram um jeito de você ir lá e gastar dinheiro. Circular o capital. E comprar/ganhar um livro que você/seu amigo secreto quer mas não tem saco de ir lá comprar.

Ou, quem sabe, o famoso “presente para mim mesmo”. Por exemplo: “semana do Natal, vou comprar um notebook novo como presente para mim mesmo. São só 32 prestações.” Aliás, esse é um ótimo argumento para convencer as pessoas sobre suas compras extravagantes.

Resumindo: o Natal é importante para circular dinheiro e gerar empregos. Pronto. Basicamente isso. Todo o resto é firula pra parecer que tem um significado maior. Por isso, todo Natal, de agora em diante, gaste algum dinheiro. Senão menino Adam Smith chora.

Na verdade, existe também uma questão de encontrar a família e coisa parecida, mas depois disserto sobre isso. Por enquanto, isso é tudo que tenho para falar nesse começo do ano. Então, com licença que o resto de panettone não vai se comer sozinho.