sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Não sei mais qual o objetivo deste blog, mas acho que preciso continuar ele.

Oi.

Historinha pra vocês.

Tava escrevendo outro post sobre NY, e comecei a ficar irritado, que o texto não tava chegando a lugar algum.

Por causa disso, comecei a ficar me auto-flagelando, falando que é perda de tempo escrever pra esta bosta de blog, já que isto aqui nunca vai me levar a nada.

Daí fiquei me cobrando por ter que achar que tudo tem que ter um retorno financeiro, afinal de contas, a vida vale mais que dinheiro.

O que me levou a me martirizar por ser tão influenciado pela minha criação japonesa rígida e retrógrada de bosta e esta sociedade tonta em que me encontro, onde a única coisa que posso gostar de verdade é grana.

Fazendo então com que eu ficasse um tanto puto com a década que eu perdi fazendo terapia e tomando anti-depressivo, já que, claramente, eu ainda sou um caso perdido.

Lembrando-me então de um dos meus livros favoritos, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que se passa numa sociedade utópica onde as pessoas não tem problemas emocionais, mas se algum escapar, é só tomar soma, a droga perfeita.

Aí, fiquei pensando que uma solução viável para o tráfico de drogas é legalizar e estatizar o comércio das mesmas, cobrando preços ridiculamente baratos, de modo a esmagar a concorrência do tráfico e, ao mesmo tempo, mantendo todos os usuários sob controle do governo.

Então eu me lembrei do Penn Jillette e sua posição libertarianista sobre política, onde o governo tem mais é que ficar na dele e não se meter na vida dos cidadãos, o que sempre me deixou confuso quanto ao “limite”, ou seja, até que ponto o governo deve ajudar/controlar a vida das pessoas, sendo que nunca cheguei a conclusão nenhuma.

Só então que eu parei e fui jogar videogame. Comprei um PS3 lá na América só pra jogar mais Tales. No caso, Tales of Graces f. Depois, quando eu terminar ele, pretendo comprar Tales of Xillia.

Aí, depois de cento e vinte horas de jogo, eu vi que não escrevi porra nenhuma pro blog.

E fiquei me sentindo mal. Sei lá porquê.

Tentei retomar o post que eu comecei.

Me irritei de novo.

E resolvi sair escrevendo tudo que me veio na cabeça em parágrafos curtos.

E saiu este post.

Enfim.

Vou continuar com o blog. Acho que eu preciso escrever. Ainda não é uma terapia. Muito pelo contrário, é algo que só faz eu me sentir pior. Mas acho que se eu não escrevesse essa merdaiada, ia ficar me sentindo ainda mais miserável. Ou não.

Yeah. Whatever.

DRAMA BOMB!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

This post will change your life!

Bem, talvez seja meio cretino falar sobre minha mui fantástica e deveras divertida viagem para Nova Iorque quando a cidade acabou de ser atingida por uma das piores tempestades da sua história, mas sei lá. Dei sorte, voltei na hora certa, e prefiro falar de coisas legais.

Como, por exemplo, The Book of Mormon. A melhor peça de teatro que eu já vi na minha vida.

Ganhou da outra peça que eu vi, Chapeuzinho Vermelho, em 1991.

É muito bom pra caralho mesmo em excesso ao quadrado alfa plus com microcápsulas de amaciante com cheiro de eucalipto.

A melhor definição que existe para The Book of Mormon é a frase do Jon Stewart que está em alguns cartazes do teatro: “É tão bom que dá raiva”.

Sério, é revoltante de tão bom. Dá vontade de ir assistir algo como apresentação de Macunaíma através de dança performática na feirinha da Vila Madalena só pra recuperar o próprio ego e assim voltar a tentar criar qualquer coisa.

Para quem não sabe, The Book of Mormon é um musical da Broadway criado por Matt Stone e Trey Parker, criadores de South Park (junto com Robert Lopez, compositor e letrista). Conta a história de dois jovens mórmons indo cumprir sua missão na Terra.

Se você conhece pelo menos um pouco de South Park e a visão que Matt e Trey têm de religião, dá pra saber como é o tom da história. Aliás, se você conhece pelo menos um pouco sobre mormonismo e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (como é chamada no Brasil), você já sabe que é algo hilário por si só.

Mas The Book of Mormon não é só engraçado. Tem todo um lado questionador, que te faz refletir sobre religião, e possui uma pitada de análise social, mas sem “brasileirar” e ficar pedante. Sem contar as músicas chiclete que eu estou ouvindo em loop desde que eu voltei (só pra constar, comprei o CD, uma vez que ele está ligado a uma experiência).

Se algum dia você tiver a chance de ver, vá. Mesmo que a alternativa seja fazer sexo com a Scarlett Johansson coberta de chantilly (ou o Hugh Jackman coberto de chocolate, caso prefira) numa cama King Size com enchimento de notas de cem dólares dentro da Estação Espacial Internacional, sério, vá ver The Book of Mormon que vai ser uma experiência mais gratificante. Até porque a questão da cama se torna irrelevante em gravidade zero.

A parte mais difícil é escolher entre o chantilly e o chocolate.

Aliás, até recomendo começar a aprender inglês para entender bem o que eles falam/cantam e a orçar um dos seus rins, que o ingresso é caro pra cacete (sem contar toda a questão de ir pra Nova Iorque - não, não estou querendo exibir minha conta bancária, só quero exibir minha capacidade de economizar dinheiro ao invés de gastar em baladas, bebidas e vômito).

Resumindo, é tão bom assim. Aqui está um link para a apresentação que eles fizeram da primeira música (Hello!) no Tony deste ano para vocês terem uma idéia do clima da peça. Diria para evitarem qualquer outra música, que todas as outras têm spoilers, em maior ou menor grau.

Falando em spoilers, me esforcei bastante para não escrever nenhum, justamente para não desanimar ninguém de ir, nem estragar a experiência de quem conseguir ir e ficar esperando o final, onde é revelado que tudo não passa de uma visão de um budista meditando.

Mas tem um assunto que eu quero desenvolver neste post, e é capaz dos meus leitores mais perspicazes acabarem sacando certas coisas da história, então diria para lerem com cuidado o que vem a seguir. Ou, como meu mui didático professor de direção me instruiu sobre o uso da embreagem, “vai na manha”.

Posso começar? Legal.

Já faz algum tempo que eu tenho pensado em escrever sobre religião no blog. Já fiz umas piadinhas, mas queria fazer um post inteiro sobre o assunto. Afinal de contas, é algo que eu tenho opiniões bem fortes.

Bem, caso ainda não tenha dado pra perceber, sou ateu. Eu não acredito em Deus. Deus não existe. Ponto.

Imagem de Deus. É uma imagem em branco. Vazia. Representando o nada. Porque não há Deus. Deus não existe. Daí, uma imagem em branco. Não discute.

Sim, sim, eu sei que na verdade é impossível realmente saber se Deus existe ou não, tornando todo mundo agnóstico, na prática, mas como o mesmo pode ser dito de qualquer coisa, como duendes, fadas, fantasmas e o Acre, prefiro cortar o caminho e afirmar duma vez que Deus não existe e ponto.

Enfim, não vou discutir a existência divina, não é essa a idéia hoje. Meu objetivo é refletir a utilidade da religião.

Mais que ateu, por muito tempo eu me classifiquei como “anti-teísta”, ou seja, alguém que é ativamente contra a crença em Deus. Eu era daqueles que vestia a camisa do Richard Dawkins e afirmava com um tom de orgulho e desprezo na voz que religião é “a raiz de todo o mal” e devia ser expurgada da face da Terra. Achava que todo e qualquer tipo de organização religiosa devia ser considerada criminosa, perseguida e extinta.

No fundo, ainda penso isso.

Mas com motivo.

Meu principal problema com religião é que a premissa dela gira em torno da “verdade”. Cada religião existente tenta estabelecer uma “verdade” sobre o mundo. Meu Deus que criou o mundo, meu Deus que determinou o caminho da humanidade, meu Deus que escreve o certo por linhas tortas.

Por isso que dá merda.

A partir do momento que alguém chega pra você e fala que sua visão de mundo é errada, que a sua “verdade” não é real, você fica meio puto. Você passa por aquele sentimento de “então eu estive desperdiçando minha vida acreditando nisso, é isso o que você está falando?” e acaba ficando na defensiva, querendo proteger com unhas e dentes a sua crença.

Aliás, mais que a sua crença, ela (provavelmente) é a crença da sua família e de seus amigos. Tá falando que minha mãe mentiu pra mim? É isso, seu filho da puta?

Estão entendendo como isso é uma pilha de merda explosiva?

Por isso que eu gosto da Ciência, com sua premissa de encontrar evidências e se atualizar de acordo com o que for descoberto. Houve uma época que os cientistas e os médico acrediavam que lobotomia frontal era um dos melhores tratamentos existentes contra males psicológicos? Sim. Hoje em dia, não mais. Ainda bem que encontraram novas evidências e perceberam que existem caminhos melhores.

Se bem que podiam agilizar e achar meios melhores para outros procedimentos médicos.

Nessas horas que aparece alguém falando que isso, na verdade, é só uma pequena parcela dos religiosos, que a maior parte das pessoas não leva tão ao pé da letra o conceito da “verdade” que o livro sagrado da sua religião vende.

Então POR QUE CARALHO CONTINUAR COM ESSES LIVROS ESTÚPIDOS?

Sabe, se a maior parte das pessoas só “pesca” o que interessa dos livros religiosos, ignorando todo o resto, pra quê manter viva essa merda? Atualiza essa porra, cria um livro novo, sei lá.

Bem, deixa eu focar um pouco senão vou me perder no argumento. De novo.

Voltando para a questão anterior: a "verdade". Religião, a meu ver, nasceu com o mesmo propósito que a ciência: explicar o mundo e como ele funciona.

Só que ela também ganhou o papel de servir como “justificativa política”. Ou seja, por que o Josuílson é o rei? Porque Deus quis. Ponto.

Assim, por muito tempo e em diversos lugares do mundo, religião, ciência e política foram a mesma coisa. Ainda são, na verdade.

Só que parte dos humanos percebeu que ficar associando tudo o que acontece a figuras mágicas invisíveis não satisfazia sua curiosidade. Então foram analisar. Entender. Buscar evidências. Testar hipóteses. Achar a melhor explicação para um fenômeno natural. Se encontrassem novas evidências, mudariam a explicação. Atualizariam ela. Assim a ciência se separou da religião.

E, poucos séculos atrás, parte da população de certos lugares se encheu o saco de ter que ficar abaixando a cabeça pra gente escrota que estava no poder só porque “Deus quis”. Eles foram lá e tomaram o poder. Criaram uma idéia nova: o Estado laico. O Estado desligado da religião. A política se separa da religião também.

Resumindo: acho que estamos num tipo de período de transição, onde (espero) a religião vá perder definitivamente seu papel de “ciência” e de “política”.

Só que aí fica a pergunta: então pra que a religião vai servir?

Bem, se eu for bem sincero, minha primeira resposta é “porra nenhuma, amassa, joga fora, taca fogo e mija em cima depois”.

Muito importante a parte do mijo, não esquecer.

Só que não dá pra fazer isso. Pelo menos, não tão imediatamente.

Voltando: para que serve religião?

Se ela não explica como o mundo funciona nem justifica a hierarquia social, pra que serve essa porra?

Bem, tem a resposta básica “para cuidar do lado espiritual das pessoas”.

Pena que eu não acredito nisso também. Quero dizer, não acredito na existência de um “lado espiritual”. Existe a consciência, ligada ao cérebro e etc e tal, mas não existe uma “alma” para ser cuidada por um padre.

Existe a versão cínica da resposta anterior, de que ela serve como uma “muleta” para as pessoas conseguirem levantar da cama pela manhã. A premissa é mais ou menos a seguinte: sem o conforto da crença numa eternidade após a morte ou na existência de um ser mágico para responsabilizarmos pelo que acontece no mundo, não conseguiríamos realizar nada porque ficaríamos pensando no propósito de viver.

É aquela coisa de, ao invés de tomar as rédeas da própria vida e fazer alguma coisa com ela, ficar responsabilizando os outros pelo que acontece. Se for uma coisa boa, é graças a Deus. Se for ruim, é culpa do Diabo. Tira um peso das costas.

Provavelmente este será o papel da religião de agora em diante: muleta.

Só que tem ainda mais uma utilidade que eu vejo a religião tendo nesse futuro-não-tão-próximo-quanto-eu-gostaria. Que é a utilidade que eu já vi algumas pessoas falarem, e que The Book of Mormon me fez considerar como algo válido:

Comunidade.

Religião é algo que une as pessoas. Faz elas se aproximarem. Cria vínculos. E isso é importante.

É importante porque…



Ok, acabei de perceber que não sei explicar como isso é uma coisa boa.

Mas é.

Vamos tentar assim:

O ser humano é um bicho social. Nós somos pré-programados pelos nossos genes para viver em um grupo, em maior ou menor grau. Nós precisamos fazer parte de uma sociedade para sobreviver.

Eu realmente acredito que buscamos nos relacionar, mesmo que seja só um pouquinho, com outros seres humanos. Faz parte da nossa vida. Queremos encontrar pessoas com quem nos identificamos, com quem vale a pena se relacionar, com quem conseguimos elaborar um diálogo além de “Esquentou, não?” “É, mas deu no jornal que vai chover de tarde.”

Ou seja, queremos pertencer a um grupo, a uma comunidade.

E religião é um meio de providenciar isso para as pessoas.

Atualmente, esses grupos giram em torno da “verdade” que eles acreditam em comum. O que pode levar para a merdaiada toda já descrita de “minha verdade é mais verdadeira que a sua verdade mentirosa, leve uma bala no seu globo ocular esquerdo.” E isso é ruim.

Mas, se tirarmos essa bosta de querer explicar o mundo e de vender uma verdade, a religião pode ser simplesmente um conjunto de rituais (muito importante, nós gostamos de rituais e afins) e ensinamentos de auto-ajuda para as pessoas se unirem e se ajudarem.

Se jogarmos fora tudo o que se tornou irrelevante na Bíblia, deixando ela com umas seis páginas, temos um tipo de “guia para uma vida moral de acordo com Jesus”, onde as pessoas que se identificam com os ensinamentos de Jesus, esse guru de auto-ajuda, podem se encontrar e conversar sobre suas vidas e como ele está ajudando elas.

Assim como fariam os seguidores de Maomé, do Dalai Lama ou do Deepak Chopra.

Sim, a meu ver, religião vai virar só mais um tipo de auto-ajuda, uma desculpa para as pessoas se encontrarem e conversarem. E isso, sinceramente, não é ruim.

Também não é bom, veja bem. Até porque parte desse bando de gurus retardados de auto-ajuda vendem  bobagens como “cura do câncer através do quiabo” ou “músculos mais fortes injetando purê de mandioquinha na veia”. Ou seja, essa merdaiada “New Age” tem que largar mão de querer ser ciência também. Mas temos que ir um passo de cada vez. O ideal seria que eles (os caras de auto-ajuda e as religiões) só vendessem auto-estima.

Enfim, para essa minha realidade utópica virar realidade, aquela coisa toda de separação da ciência, política e religião tem que acontecer antes.

Infelizmente, não creio que isso acontecerá enquanto eu estiver vivo. Mas espero que meu tataraneto possa viver num mundo onde não existam pessoas que tentam usar termodinâmica para desprovar evolução.