quarta-feira, 19 de junho de 2013

A lei que o Brasil mais precisa

Sim, outro post. Já. É o que acontece quando tenho assunto.

E sim, esse título é metido e pretensioso. Mas é que estou tentando chamar a atenção.

Enfim.

Na verdade, este é um “projeto de lei” antigo meu, que eu penso nele faz tempo. Até já pensei em escrever sobre ele no blog antes, mas achava que não havia muito propósito em compartilhar a idéia com o mundo. Achava que, magicamente, a sociedade ia ler minha mente, validar minha lei e mudar o país pra melhor. E também achava que não adiantava nada compartilhar a idéia que não ia passar de mais uma “idéia papo de buteco pra mudar a realidade”.

Mas, considerando a situação atual do buteco, é capaz de me ouvirem.

Ainda acho que essa idéia não vai dar em nada, mas agora, com os protestos e etc, me sinto mais confiante em compartilhar a proposta.

Chega de enrolar.

A lei se chamaria “Lei Quem É Que Manda Nesta Merda” e consiste, basicamente, de um teto salarial para o Poder Legislativo atrelado ao salário mínimo e que só pode ser alterado através de um referendo.

Pronto. Resolveu o Brasil. The end.

Ok, vamos explicar.

Primeiro, se tem uma coisa que eu acho o fim da picada é que o poder legislativo tem controle sobre o próprio salário.

Não sei se existe isso escrito em algum lugar, mas acho que é um tipo de regra óbvia para o bom funcionamento de qualquer empresa: você não deixa os funcionários decidirem o próprio salário. Ponto. Que se você deixar, eles vão querer o máximo possível e vão quebrar a empresa.

Tudo bem, na verdade eu não acho que isso aconteceria de verdade. No fundo, acho que os funcionários e os patrões conseguiriam chegar num consenso e estabelecer um salário razoável pra todo mundo.

Acontece que no cenário do Brasil e o seu poder legislativo, não há um diálogo com os patrões. Que somos nós. O povo brasileiro.

Ou seja, voltando ao paralelo com uma empresa, é como se os funcionários pudessem decidir o próprio salário sem consultar os patrões. E eles não se importam com os patrões. E eles (os funcionários, o legislativo) são, em sua maioria, uns grandes filhos da puta.

O que leva eles a aumentarem o próprio salário quando bem entendem.

Daí a minha solução: limitar o quanto eles ganham.

Mas como decidir um limite? Simples, atrelando esse limite ao quanto os patrões e a empresa ganham: o salário mínimo. Exemplo, limitar o salário deles a dez salários mínimos mensais.

Porque, voltando novamente ao meu paralelo empresarial, outra vantagem desses funcionários é que eles conseguem determinar quanto que a empresa ganha.

Estou falando de impostos.

Como eles conseguem aprovar (acho eu, se alguém que manja mais de legislação quiser me corrigir, por favor o faça) qualquer imposto, eles ficam com a faca e o queijo na mão: podem decidir quanto ganham e o quanto a empresa faz de dinheiro.

Não é a tôa que a corrupção é tão alta no Brasil.

Aliás, não sei como funcionam em outros países, nem sei se existe esta lei que estou propondo em algum outro lugar e, sinceramente, se eu parar pra pesquisar agora, vou desistir de continuar escrevendo e quero terminar essa coisa. Depois eu pesquiso.

Voltando: ligando o salário deles com o salário mínimo, o único meio deles ganharem mais é aumentando o salário mínimo, o que resulta num ganho para todos (mais ou menos, eu sei que não é tão simples, mas continuem comigo).

Só que eles continuam sendo os caras que aprovam ou vetam leis. Se eles quiserem, é só “corrigir” essa lei para, por exemplo, aumentar o salário deles para cinqüenta salários mínimos mensais.

Aí que entra a cartada final: forçar esta lei a só ser mudada através de referendo.

E adivinha o que a população muito provavelmente ia votar?

NÃO, NÉ, CARALHO.

O mais legal seriam as propagandas políticas desse referendo.

Ou seja, o poder de decidir o salário desses funcionários ia voltar para os patrões.

Nós.

O povo brasileiro.

E essa é a minha “Lei Quem É Que Manda Nesta Merda”, a lei que pode resolver todos os problemas do Brasil.

Sim, eu sei que ela tem seus problemas, como, por exemplo, um desastre econômico decorrente de um aumento desenfreado do salário mínimo. Mas sei lá, eu gosto dessa minha lei.

Afinal, ela mostra pra esses filhos da puta quem é que manda de verdade nesta merda.

E quem, sabe, com essa lei, eu páro de chamar o Brasil de “esta merda”, e começo a chamar ele de “este país”.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Você não sabe o que é melhor pra mim, mesmo que você saiba o que é melhor pra mim

Oi.

Então.

Protestos.

Muito legal. Mesmo. Apoio total da minha parte. Acredito muito que estava mais do que na hora de levantarmos a bunda e tentarmos mudar o país.

Não importa que demorou, não importa se esta é ou não a melhor hora, o que importa é que aconteceu. Foram os vinte centavos da virada, as gotas d'água.

Eu sei que já fizeram imagens desse tipo, mas queria fazer a minha.

Por ser um cagão de marca maior e pessoas à minha volta ficarem deveras preocupadas comigo (ou melhor, preocupadas com a incapacidade da PM), não fui a nenhum protesto ainda. Mesmo com vontade. Mas é que dá um medão. Eventualmente eu crio umas bolas e vou participar.

De qualquer maneira, resolvi escrever aqui no blog para refletir sobre algo que estou vendo ser jogado por aí para as pessoas levantarem a bunda e participar dos protestos: o argumento de que “estão protestando por um país melhor para você, então você devia ir protestar também.”

Devo dizer que essa postura me incomoda. Por mais que ela seja verdade.

Basicamente, estou falando do clássico problema de que “humanos não gostam de serem mandados”.

Seguinte: é melhor para todos um país onde a liberdade de expressão é respeitada e a corrupção é punida?

Claro que sim.

Mas todo mundo, acredito, tem um pequeno “Do Contra” que, ao ouvir alguém chegar e falar “Vai lutar pelos seus direitos que é o que é melhor para você!” responde com algo como “Vai à merda, eu faço o que eu quero, e eu quero mais é ser explorado e oprimido! Você não manda em mim! Enfia essa sua liberdade no cu!”


“Então, como você quer convencer as pessoas a participar?”

Aí que está o problema.

Numa realidade utópica, poderíamos explicar os ideais dos protestos com detalhes, dados e evidências e então convidarmos educadamente as pessoas a participar.

(Ou melhor, numa realidade utópica, nem precisaríamos estar protestando, mas vamos com uma utopia por vez.)

Só que: um, muitas pessoas não têm saco ou educação (nos dois sentidos da palavra, sobre ser culto e ser gentil) para ouvir até o fim e dois, as pessoas protestando estão com o sangue fervendo, e fica difícil conversar assim.

Qual a melhor solução, então? Como convencer as pessoas a apoiarem os protestos?

(Sim, eu sei que já tem gente pra caralho participando, mas se você quer a minha opinião, ainda não é o bastante)

Para mim, a melhor solução é tratar os indecisos e os opositores dos protestos como aquilo que eles são: adultos responsáveis.

Logo, ao invés de apontar o dedo e falar “vai apoiar os protestos que estão lutando por você”, acho que deveríamos PERGUNTAR: “Você sabe por que estão protestando?”

Se a pessoa é contrária aos protestos, a resposta vai girar em torno de “por causa de vinte centavos” ou “porque são um bando de baderneiros causando balbúrdia”. Se a pessoa for indecisa, ela possivelmente vai responder com outra pergunta (“por causa de vinte centavos?”) ou com um sincero “não sei”.

E o que respondemos? Com a “nossa verdade”, com o porquê de nós estarmos apoiando os protestos.

E é o que eu vou fazer agora, explicar a “minha verdade”, o porque de eu estar apoiando o movimento.

Eu, por exemplo, não levava os protestos muito a sério quando começaram, pois me pareciam que eram só sobre os vinte centavos.

Mas, de acordo com o que foi acontecendo e fui lendo mais sobre o movimento, cheguei a conclusão que não só esses protestos são importantes, mas como eu devo apoiar e incentivar eles (do meu modo).

E houve um “tipping point” pra mim também: a resposta da PM e dos políticos.

Fiz uma versão sem minha cara feia, caso alguém queira.

Para mim, mais importante que transporte público ou corrupção (que são coisas importantes, não estou negando o valor delas) é a liberdade de expressão. E o governo reprimir ela sempre me deixou muito puto pra caralho mesmo plus plus.


O mais importante, para mim, é respeitar o direito das pessoas de pensarem e discutirem suas idéias. Impor uma verdade é, a meu ver, reduzir uma pessoa ou um povo a algo menos que “humano”. Por mais que eu tenha minhas ressalvas com uma liberdade de expressão “perfeita”, ainda acho que algo que deva ser protegido a qualquer custo.

Mas eu não sabia como demonstrar minha revolta, já que sempre fui muito desiludido com o poder de um indivíduo em conseguir uma mudança maior no esquema geral das coisas.

Só que, desta vez, eu não apenas me revoltei, mas senti um fiapo de esperança de que agora, com todas essas pessoas e essas causas e esses movimentos e essas motivações, uma mudança pode acontecer.

E é por isso que eu apóio os protestos.

Não ao ponto de arriscar minha saúde, mas acho que já estou chegando lá.

Resumindo, já que o post tá ficando maior que eu esperava:

Não acho que a postura “se você não é parte da solução, você é parte do problema” que vejo muitos propagandearem por aí é boa para a “causa”. Acho que devemos respeitar a inteligência de todos, e apresentar nossas motivações para protestarmos. E, ao final, estender a mão e convidar para o movimento, demonstrando as diversas maneiras que uma pessoa pode apoiar ele - não é obrigatório ir pra rua e correr o risco de apanhar da polícia.

Estou sendo um tanto deslumbrado e ingênuo? Talvez. Mas acho que é melhor fazer as pessoas refletirem com perguntas do que ficarem irritadas com “ordens”.