quarta-feira, 4 de março de 2015

Pois é, eu sei, nem pergunta

É.

Ahã.

Vou ressuscitar esta merda.

De novo.

Talvez.

Quem sabe.

A terceira vez é a que conta, já dizia o velho feitor Gamgi.

Se bem que não sei qual tentativa é esta, se é mesmo a terceira ou a quarta ou a octogésima sétima.

Mas desta vez eu tenho um bom motivo, além da culpa inexorável que me corrói por dentro por não escrever tanto quanto deveria, uma vez que eu falo para mim mesmo que quero algum dia, sabe-se lá quando, virar um escritor: um conto meu foi selecionado para uma coletânea de contos.

Estou surpreso até agora. Diga-se de passagem, outro motivo que me afastava de escrever aqui era a preguiça galopante que me acometia quando pensava nas montagens que tinha que fazer, tanto que vai ter menos daqui pra frente.

SIM! EU SEI! Também tive essa reação.

Sendo bem sincero, ainda estou com o pressentimento que, a qualquer momento, o pessoal da editora vai me ligar falando que foi um engano ou coisa parecida.

Aliás, melhor explanar a história toda: editora Draco, conhecem? É uma editora extraordinariamente espetacular, que foca em ficção científica e literatura fantástica, é a melhor editora que já editou em toda a história da civilização lusófona, e espero que os esplêndidos editores dela leiam este post antes de ligarem para mim falando que minha seleção foi um engano.

De tempos em tempos, os mui sábios e tremendamente iluminados editores desse baluarte da literatura fantástica brasileira organizam coletâneas de contos temáticas, e oferecem a magnânima oportunidade de participar delas a todos que aspiram se tornar artesãos da palavra e a todos que deveriam ter um pouco mais de noção das próprias pretensões.

Já tinha ouvido falar antes dessas coletâneas que eles organizam (além de uns concursos que vai e volta aparecem por aí, organizados por editoras não-tão-excelsas), mas sempre me convenci que não valia a pena o esforço já que:

1) Não tenho a menor confiança na qualidade do meu trabalho;

2) Quem sou eu para enviar um conto para eles?; e

3) Puta medinho de ser rejeitado.

Mas, ano passado, depois de muitas peripécias e atribulações com os meus anti-depressivos, cheguei num ponto onde consegui apertar o botão do foda-se e falar para mim mesmo: “Escreve alguma porra, seu bosta!” ao mesmo tempo que eles anunciaram uma coletânea com o tema de kaijus (monstros gigantes).

Eu me interessei pelo tema e decidi que ia tentar escrever alguma coisa sobre isso, até porque eu perdi a coletânea temática de dinossauros, então kaijus iam ter que servir.

Enfim, depois de muito bater a cabeça na parede e reescrever o conto inteiro umas seis vezes, cheguei num ponto que achei-o aceitável o bastante para mostrá-lo para alguém. Mas não para os magnificentes intelectos dos egrégios editores da Draco, a exímia casa da criatividade e da imaginação, ainda não. Arranjei 3 beta testers, pessoas que eu sabia que não iam rir na minha cara (talvez nas minhas costas), mas que também não iam falar simplesmente “legalzinho”, elas iam apontar na história o que não funcionava e iriam criticar sem medo.

E devo dizer que elas ajudaram bastante, e lapidei a história até chegar num ponto que a considerava boa o bastante, e o prazo estava acabando, então enviei pra eles e fui viajar e jogar Smash Bros para não ficar me martirizando em posição fetal até a divulgação do resultado.

Só fui ficar me martirizando posição fetal no dia anunciado da divulgação, 20 de dezembro. De 2014 (só pra confirmar, vai que você tá lendo este post em 2329).

Que veio e se foi sem nenhum sinal de que eu havia sido selecionado.

Nem ninguém mais.

Basicamente, o resultado não saiu no dia.

Pessoas mais bem resolvidas provavelmente concluíram que os notáveis editores tiveram dificuldades para conseguir ler e avaliar todos os trabalhos enviados e acabaram perdendo a data de divulgação do resultado, até porque no dia 20 de dezembro já tá todo mundo em modo “peru de natal e champanhe de ano novo” e querendo mais que o trabalho se exploda.

Pessoas como eu concluíram que não foram selecionadas e que os fenomenais editores da Draco entraram em contato somente com Os Escolhidos™.

Não, sério, eu não só cheguei a esta conclusão como me convenci disso, virei a página e voltei a jogar Smash Bros pra continuar a vida.

Daí, dia 23 de janeiro chega um email falando que eu tinha sido selecionado pra coletânea.

Queria poder dizer que foi um momento de inenarrável felicidade e que eu saí pelas ruas dando high-fives, mas a realidade foi que eu fiquei mais espantado e incrédulo que qualquer outra coisa. No dia seguinte a felicidade bateu e eu saí pelas ruas comemorando, mas os únicos high-fives que eu recebi foram de um catador de papelão e de um desses caras de coletinho que ficam perguntando se eu gosto de crianças e eu sempre tenho vontade de dar uma resposta horrível que provavelmente me mandaria pra cadeia.

Enfim, estou contando toda essa história só para finalmente chegar ao motivo que me levou a ressuscitar o blog: os fabulosos editores da Draco pediram para eu escrever uma breve biografia com links para meu blog ou site ou similar para a coletânea, e aí eu percebi que não tinha nada pra mostrar mais do meu trabalho, só este blog que eu não atualizava há mais de um ano.

Solução: fazer um blog novo.

Só que isso iria envolver ter que pensar em todo o design e identidade visual e branding e etc e tal, e
eu ODEIO ter que pensar nessas coisas. Porque vocês acham que aqui é tudo preto e branco? Não, sério, eu tenho o pior gosto pra fontes do mundo, se não tivessem me ensinado a evitar Comic Sans e Papyrus, elas provavelmente seriam as fontes deste blog. Só não é a Marker Felt, conhecida como a “Comic Sans da Apple”, porque não é websafe.

Logo, desisti de fazer um blog novo.

Solução 2: ressuscitar este blog.

Por mais vergonhoso que seja esse ano que eu fiquei sem atualizar, é melhor e mais fácil voltar a escrever aqui do que re-re-re-recomeçar tudo do zero de novo. E é por isso que aqui estou.

Aliás, se você está aqui depois de ter lido o meu conto e, por curiosidade mórbida, resolveu ver mais coisas minhas, obrigado e bem-vindo!

Se você leu meu conto e está aqui para falar que ele é uma bosta e eu devia ter vergonha de ousar escrever, obrigado e bem-vindo!

E dá uma olhada no nome do blog.

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