quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Nintendo e a falácia Highlander

Conforme prometido, retorno à Falácia Highlander, e começo com a aplicação dela à uma das empresas que mais gosto/venero/dou dinheiro no mundo: a Nintendo.

Não sei se é porque sou fã da Nintendo, mas sempre senti um certo ressentimento por boa parte dos fãs de games e da mídia especializada contra ela. Algo beirando o preconceito. Não importando o que acontecesse no mercado, seja o Wii batendo recordes de vendas, seja o 3DS tendo vendas aquém do esperado, era como se a Nintendo estivesse sempre errada. Pessoas acusando os produtos da Nintendo de serem fracassos mesmo quando todos os números demonstrassem o contrário.

O que eu faço com o meu salário todo mês

Enfim, não vou entrar nessa briga dos números no momento, nem discutir o real valor daquilo que a Nintendo trouxe para a indústria. Vou dissertar sobre o que me irrita nessa merdaiada, que é a filosofia que “se não é um game para mim, não é um game de verdade”. Por exemplo: “O Wii não é um console HD, logo ele não é um console desta geração.”

Bem, acho que os Baby Boomers que não ouviram Beatles ou Rolling Stones também não fizeram parte daquela geração. Tipo, eles vieram de uma fenda espaço temporal, não nasceram na época em que nasceram. Esses surdos interdimensionais não merecem a certidão de nascimento que possuem.

Ok, eu sei que o próprio presidente da Nintendo falou disso, e que, no fundo, essa divisão de gerações é mais usada como estratégia de marketing que realmente marcar uma época de lançamento dos produtos, mas ainda assim. Eu me irrito com essa coisa de desconsiderar o Wii nas discussões sobre a indústria só porque ele não é HD.

Ou um dos meus favoritos: “Não tem gráficos realistas, é pra criança.”

Fala isso para um fã do impressionismo (ou qualquer estudioso de arte contemporânea) pra levar um pedala nas oreba, vai.

Sim, eu sei que nesses dois argumentos existe uma questão tecnológica, mas também existe um lado econômico e um lado estético também.

Sabe, nem todo mundo tinha grana para comprar uma TV de alta definição, por isso fazer um console sem HD e bem mais barato funcionou.

Nem todo mundo quer viver num mundo marrom e cinza com luzes exageradas, algumas pessoas querem (ou melhor, conseguem) apreciar uma paleta de cores variada ou estilos artísticos mais complexos.

Nem todo mundo quer comprar o mesmo jogo de futebol todo ano. Nem todo mundo admite distorcer a mitologia grega para acomodar um marombado enfiando o pinto em todo mundo. Nem todo mundo quer ficar atirando em nazistas zumbis.

Algumas pessoas querem jogar boliche sem sair de casa. Ter momentos nostálgicos com o Mario. Juntar todos os dois trilhões de Pokemons. Ou ter certeza que o jogo que comprou para o filho de três anos não vai mostrar pra ele cabeças explodindo ou carros atropelando putas.

Nada contra esses jogos. Eu jogava GTA viciosamente pra PC quando ainda era em 2D. Já dei risada de cenas absurdas de God of War. E fiz N competições de International Superstar Soccer do Nintendo 64 na época da oitava série.

E, quando era mais moleque, também tinha meus preconceitos contra certos jogos. Até hoje tenho um certo aperto no estômago quando começam a falar bem de Final Fantasy (quem viveu a época Zelda vs FF sabe do que estou falando) e ainda tenho vontade de socar quem fala que o Sonic é melhor que o Mario (tenho três palavras pra vocês: Shadow The Hedgehog. I win.) ou quem tem a audácia de comparar Street Fighter com Mortal Kombat (só pra constar, vejo mais diferenças entre o Ryu e o Ken que entre todos os personagens de Mortal Kombat. É uma competição de rasteiras).

Mas (quero acreditar que) eu cresci. Percebi que eu gosto de games X e tem pessoas que gostam de games Y. E só tenho dinheiro pra comprar um console. E só tenho tempo pra jogar N games por ano. Então, quando vou comprar um console novo, vejo qual vai me divertir mais no meu escasso tempo. Por isso, compro consoles da Nintendo. Porque lá tem os jogos que eu mais gosto. Como Zelda, Mario e Pokemon. The end.

E outras pessoas chegaram à mesma conclusão. Assim como muitas outras preferiram jogar Gears of War, God of War ou War of War. Não é preciso haver apenas um tipo de jogo, não existe apenas um tipo de gamer. Tem espaço pra todo mundo, crianças.

Aliás, esse é o problema. Crianças. A Nintendo sempre foi acusada de ser “infantil”, com suas cores vivas e personagens estilizados. Acho que isso tem muito a ver com o fato de que a Nintendo era uma empresa de brinquedos (entre outras coisas) quando entrou no mercado de games, enquanto que seus principais concorrentes vieram do ramo de tecnologia e gadgets, coisas “adultas”.

Agora é a hora que eu meto o dedo na ferida.

Procurar imagens de "feridas" no Google me traumatizou pra vida

Videogames são brinquedos.

De novo.

Videogames. São. Brinquedos.

E, o mais importante dessa afirmação vem agora:

Brinquedos não são só para crianças.

De novo, de novo, de novo:

BRINQUEDOS NÃO SÃO SÓ PARA CRIANÇAS.

Não sou o Michaelis nem o Aurélio (o Houaiss é bloqueado), esses velhos desatualizados, mas aqui no meu blog eu sou mais que isso, sou o Lorde da Semântica Absoluta, então eu digo: brinquedo é todo e qualquer objeto, lúdico ou não, que pode ser utilizado por pessoas de qualquer idade com a finalidade de brincar e se divertir.

Bola de futebol da Nike oficial do Barcelona? Brinquedo. Asian Ball-Jointed Dolls? Brinquedo. Sportsheets Door Jam Sex Sling? Brinquedo. Marcador permanente e parede branca? Colher e brócolis? Saco de farinha? Brinquedo, brinquedo, brinquedo.

Videogame? Brinquedo também.

Mas esses “adultos” que nos cercam com suas regras do que é certo ou não, o que é educado ou não, o que é pra criança ou não, só querem continuar vomitando suas regras e nos impedindo de nos divertir.

O pior é que esses “adultos”, na minha opinião, tem a maturidade de um moleque de 14 anos.

No final das contas, essa birra toda contra a Nintendo pode ser resumida em “Angústia Adolescente”.

Portanto, molecada, aqui vai uma lição do tio Vitor:

Ouçam com atenção ao tio Vitor.

Cara! Nem tudo que você gosta tem que mostrar que você cresceu ou que você é macho pra caralho o tempo inteiro!

Mas, quando você é adolescente e está tentando encontrar seu lugar no mundo (uma vez que ninguém te entende), você busca símbolos que reafirmem a identidade que você quer para si (tô me achando o tio Freud agora, te contar). Assim, games deixam de ser só um hobby ou uma distração, se tornam um meio de expressão de si mesmo.

O problema é quando “contaminam” o seu meio de expressão. Com garotas. Ou crianças. Ou pior: seus pais.

Daí o ódio contra a Nintendo. Ela teve sucesso em atrair outros públicos. Ela contaminou o meio. Fudeu com tudo. Deu um DS pra mamãe treinar o cérebro.

Ou, como outros gostam de argumentar, a Nintendo não cresceu. Continuou focando no público infantil com coisas como Pokemon e Mario. As duas franquias de games que mais venderam na história (um download não é necessariamente uma venda, caso alguém queira discutir este ponto comigo). Obviamente, para terem conseguido chegar nesse ponto, só crianças compraram os jogos.

Sabe, chega de dançar em volta do assunto. Vamos ao que interessa:

Molecada, hora de crescer e aceitar que existem outras pessoas no mundo, e existem empresas que vendem para essas pessoas. Larguem a mão de ficar achando que tudo que não têm músculos ou armas ou gráficos realistas é idiota - simplesmente não é pra você. Cala a boca e me deixa jogar Kirby, essa explêndida e mui magnífica bolota rosa, em paz.

Puta que pariu.

Agora, se você ainda acha que games de verdade são só de um tipo ou só para um determinado público, ok. Você está no seu direito. Você acredita na Falácia Highlander.

Assim como eu estou no meu direito de qualificar vocês como “criancinhas retardadas”.

Que diferentemente de crianças excepcionais, que merecem todo o amor e carinho do mundo, vocês precisam é de umas boas palmadas. Do mundo real.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A grande competição de “Quem tá mais na merda?”

Dei uma sumida básica, mas agora estou de volta. Problemas dos mais variados sabores e odores, de um resfriado leve até questões economico-familiares, passando por uma forte instabilidade intestinal e o mais fino exemplar da (in)competência do trabalhador brasileiro. Sem contar um bloqueio criativo poderoso.

“Ah, mas eu tenho que acordar todo dia quatro e meia da manhã pra ir pro trabalho, mesmo se eu estiver com uma virose crônica e diarréia explosiva, e se o motorista do ônibus faz merda, eu que perco o dia no trampo, não podendo assim ajudar a pagar o tratamento de aneurisma hepático da minha mãe. E, mesmo assim, acho tempo pra atualizar o meu blog. Isso que meu computador nem tem teclado. Ou monitor.”

É mesmo?

Foda-se.

Você não odeia gente assim? Aquele tipo de Zé Povinho (do inglês Jose Little People) que, não importa o que você comente da sua vida, ele demonstra como a “versão dele” é pior e mais miserável. Esse tipo de gente me dá vontade de pegar uma lixadeira angular para concreto e ir lixando o nariz do infeliz perguntando se agora ele tá miserável o bastante.

Isso quando não é a famosa versão “mas tem criancinha passando fome na África”.

Nossa.

Caralho.

Putaquepariuqueraiva.

Sabe, alguém tem que dizer isso. Em voz (caixa) alta. Para todo mundo ouvir.

A PORRA DAS CRIANCINHAS MORRENDO DE FOME NA ÁFRICA QUE SE FODAM!

Recebi reclamações quanto à minha habilidade com o Photoshop, então resolvi me esforçar neste.


Obrigado.

Ok, agora sendo um pouco mais politicamente correto: O que as crianças passando fome na África tem a ver com o meu problema imediato? NADA. Mesmo. É uma coisa horrível (as criancinhas com fome)? É. Todo mundo deveria fazer alguma coisa para ajudar? Talvez, acho que sim. Resolve a minha prisão de ventre? NÃO.

Então com licença que eu tenho coisas mais urgentes requerindo minha atenção. Não quero participar da sua competição de “Quem tá mais na merda”.

Eu, sinceramente, não entendo o que motiva os infelizes que transformam tudo em QTMNM. Quer dizer, eu sei o que motiva essa corja retardada, mas, para mim, não faz sentido.

Acredito que existam três motivos básicos.

O primeiro é “sou um pobre garotinho, ninguém me ama”.

Eu até entendo o que motiva essas criancinhas querendo atenção. São criancinhas chamando por atenção. Só isso. No fundo, todos nós queremos um pouco de atenção, até por isso que compartilhamos nossos problemas com os outros e buscamos ajuda.

Mas no caso dos attention whores que transformam tudo em QTMNM, eles querem atenção única e exclusiva para eles, e através da pena. Isso é muito triste. E patético.

“Olhem para mim, sou um pobre coitadinho digno de pena, me amem”. Ou melhor, “Olhem para mim, sou MAIS pobre coitadinho que ele, MAIS digno de pena que ele, me amem MAIS QUE ELE”.

Nem sei mais o que falar dessa coisa lamentável que assola nossa vida. Acho que todo mundo conhece alguém assim, e imagino que vocês estão com a cara desse babaca estampada no seus pensamentos.

Acho que a única solução para lidar com esses imbecis é o famoso “Então, por que você não se mata?”

Basta chegar no idiota, logo depois dele choramingar que a vida dele é mais infeliz que a sua e perguntar “Então, por que você não se mata?”

Pronto. Problema resolvido. Próximo.

O segundo motivo é “meu pinto é maior que o seu”.

Parece com o primeiro, mas existem diferenças sutis. Acho que o melhor exemplo é o “quanto tempo levei pra chegar na praia”.

“Nossa, fui pra Santos neste feriado, peguei oito horas de trânsito”.

“Isso não é nada, teve um Reveillon que fui pro Guarujá e fiquei parado quase onze horas”.

“Teve uma vez que fui pra Ubatuba no Carnaval e levou catorze horas.”

E tem gente que acha que o BBB celebra a mediocridade humana. Esses tipos de diálogo são muito piores. As pessoas sentem um prazer visceral em ter sofrido mais que o outro em alguma coisa banal, como o trânsito ou a sala de espera do proctologista.

E isso é um tipo de competição de quem tem o pinto maior (não é exclusivo de homens, mulheres também têm um pinto metafórico, nesses casos). É um tipo de lógica onde quem agüentou mais é mais forte, mais resistente, mais adulto, mais preparado pra vida. O cara que foi no dia seguinte e chegou em uma hora na praia? Ele é um fraco. Agüentar o trânsito fortalece o pênis. Deixa ele mais veiudo.

Como lidar com esses escrotos? Basta contar a história mui real do menino que espantou um urso polar com um soco no focinho do bicho. ENQUANTO A PORRA DO URSO ESMAGAVA SEU CRÂNIO COM OS DENTES. E ele sobreviveu.

Pronto. Ninguém é mais macho que esse garoto. Nem o Chuck Norris. Nem o Clint Eastwood. Pode bater no pinto desse moleque com um bastão de adamantium que o bastão entorta. Próximo.

O terceiro e último motivo é “existem problemas maiores que o seu”, também conhecido como “queria estar vivendo durante a ditadura mas agora não passo de um intelectualzinho chato de merda”.

Esses são os pentelhos que sempre levantam alguma questão política ou social para relativizar seu problema. Tipo sua mãe quando falava das já citadas criancinhas passando fome na África quando você não queria comer quiabo, mas a porra do tempo inteiro e para qualquer coisa. Esses boca-aberta que, quando você comenta, por exemplo, de uma crise de asma que você teve e ele comenta o índice de mortalidade por tuberculose.

Na verdade o bostão só quer chamar atenção para o próprio intelectualoidismo, só quer mostrar que é antenado e inteligente. De certo modo, ele só quer chamar atenção para o próprio pênis intelectual.

(Caso alguém ache que estou com uma fixação muito grande com rolas hoje, vá reclamar com meu amigo Banksy).

Piada original por Weird Al Yankovic

Como resolver esses merdas?

...

Sinceramente, não sei. Convivi com gente assim por quatro anos de faculdade, e saí de lá só com raiva desses porras, mas nenhuma solução. Acho que o melhor é perguntar ou porque ele não tá lá então resolvendo a questão ou o que isso tem a ver com o meu problema. Mas o ideal é só dar as costas e ir embora.

Ok, qual é o menor múltiplo comum desses três tipos de competidores do QTMNM? Eles querem tirar o foco do seu problema (ou de qualquer outra pessoa da conversa) e colocá-lo no próprio umbigo.

Eles querem mostrar que tem alguém mais na merda que você, sejam eles mesmos, sejam as criancinhas manetas do Nepal costurando tênis Nike com os próprios cabelos.

Eles não se importam com você. Ou com o seu problema.

Logo, você não precisa se importar com eles.

Vá se importar com pessoas que ouvem você quando você tem um problema. E saiba ouvir elas quando elas tiverem um problema. Resumindo: seja um cara legal, e ande com pessoas legais. Não precisamos desses cuzões. A não ser que queiramos testar a aplicabilidade de lixadeiras angulares de concreto em narizes. Aí, tudo bem.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Se for falar mal, fale mal com propriedade.

Voltando às minhas teorias de como me portar em relação a tudo o que falo aqui no blog, resolvi levantar uma questão que eu acho muito importante: falar mal com propriedade.

Fazer isso é muito simples: basta você REALMENTE ver/ler/ouvir/vivenciar a obra da qual você quer falar mal.

Não vale ler resumo ou ver trailer, se for pra falar mal você TEM que ver a merda, de preferência do começo ao fim.

Isso vale mesmo para as obviedades unânimes.

Por exemplo: Tuailáiti. É uma merda? Acredito que sim. Posso dar certeza? Não, pois não li nem assisti. Vi os memes, peguei alguns trailers, ouvi a opinião de quem leu e gostou, de quem leu e não gostou e de quem não leu e não gostou. Até trombei com um caso de “leu e gostou mas não gostou dos filmes”.

Ainda assim, essas pessoas não são eu, não posso dizer se vou gostar ou não do romântico conto de uma garota colegial dividida entre o cara que chupa bem e o cara do sexo animal.

Lógico que posso tomar como base o que eu gosto e o que eu não gosto. Há uma grande chance de, no dia que resolver assistir ou ler essa joça, eu a deteste profundamente. Se esse dia chegar, eu provavelmente irei arrancar as minhas rótulas com os dentes e enfiá-las nos meus olhos só para eu parar de ver esse horror e, ao mesmo tempo, amenizar a dor agonizante decorrente dessa experiência.

Esse sorriso é porque a dor passou.

Mas, enquanto esse dia não chegar, não poderei julgar Tuailáiti com propriedade.

Agora outro exemplo, só para mostrar como estou comprometido com essa filosofia de vida.

Dragon Ball Evolution.

É muito, muito, MUITO RUIM. PRA CARALHO.

Um filme sobre coceira nas bolas.

É escrito pelo Paulo Coelho, idealizado pelo Romero Britto e dirigido pelo Hans Donner ruim.

Pensando bem, acrescenta a produção do Michael Bay e a atuação do Steven Seagal na mistura que ainda assim não é tão ruim quanto Dragon Ball Evolution.

E eu, como um grande fã de Dragon Ball que sou, fui assistir NO CINEMA. NA ESTRÉIA.

EU PAGUEI PRA VER ESSA BOSTA.

EU DEI DINHEIRO PARA OS PORRAS QUE FIZERAM UMA DAS MAIORES PORCARIAS JAMAIS IDEALIZADAS PELA RAÇA HUMANA.

E por quê?

Para falar mal com propriedade.

Ah, e como me dá prazer falar mal deste rebosteio cinematográfico. Ele estupra de um jeito tão cretino um dos meus mangás favoritos que eu me encho de raiva só de lembrar do cartaz. Aqui vão alguns pontos que me ofendem profundamente e que consigo me lembrar agora:

- Essa coisa fantástica de tentar fazer ficar parecido com os personagens do mangá mas ainda mantendo no “mundo real”, o que faz o filme inteiro parecer o filho bastardo de uma convenção de cosplayers daltônicos com uma festa de carnaval organizada por pacientes de lobotomia;

- Efeitos especiais made in Paraguai que são piores que os de Changeman e lutas que não chegam aos pés das do Rajini Superstar (aliás, ele devia ter sido o mestre Kame);

- Tentar digerir a história para um público que não conhece o original, fodendo forte com tudo o que os fãs gostam e conhecem. Se bem que os fãs de Dragon Ball já passaram por isso antes.

- Enfiar elementos culturais norte-americanos gratuitamente só para agradar os caipiras do norte do Arizona (estado escolhido randomicamente);

- Lógica Hollywoodiana que consiste basicamente de “faltam peitos, vamos enfiar mais peitos” e, por último,

- Essa tentativa de explicação forçada do Kame-Hame-Ha em que eles misturaram Avatar: The Last Airbender e transformaram a coisa toda em dominação do ar. Tipo, o cara se transforma num macaco gigante e o roteirista se sentiu na obrigação de explicar a energia que eles soltam pelas mãos? Tomar no cu, viu? Olha a cara de “sou foda” do babaca. Quando nasceu, bateu a cabeça na privada. Puta que pariu, como isso me deixa puto. Isso é tão ruim que quase me faz aceitar os Midi-Chlorians. Quase.

Enfim, discorrer sobre essa placenta esmerdeada está me deixando enjoado. E com vontade de ver de novo, só para escrever uma crítica mais profunda, take a take. Melhor parar por aqui.

Para concluir, vou sempre me esforçar ao máximo para falar mal com propriedade das coisas. Todo mundo deveria fazer isso. Mesmo quando o resultado é óbvio. Na melhor das hipóteses, fazer isso é um modo de ganhar uma perspectiva nova sobre o resto da sua vida, além de ganhar um assunto muito divertido para discorrer com os amigos quando quiser descarregar raiva em alguma coisa. Na pior das hipóteses, você gostou da porcaria e ampliou seus horizontes sobre o que você gosta e quem você é.

Só não me vá gostar de Dragon Ball Evolution.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Falácia Highlander.

Não sei quanto à vocês, mas eu, quando criança, lá pela primeira série, era muito fã de bolacha Passatempo. Gostava muito mesmo. Chocolate alpino. Bolacha branca com recheio escuro (em nota não relacionada, isso dá uma boa série de vídeos pornô). Desenhos de animais felizes e coloridos. Muito bom. Fantástico. Do jeito que bolacha deveria ser.

Mas, certo dia, na escolinha, vi um coleguinha com uma bolacha diferente. Trakinas.

Achei aquilo um absurdo. Pra começar, o recheio era rosa. Cor de viado. Com certeza aquele moleque de sete anos de idade ficava chupando pica todo dia depois da aula. Era rosa porque era recheio de morango. Que, como todo mundo sabe, é um recheio ineficiente para o sistema digestivo humano, ao contrário do chocolate alpino - aliás, ele é inferior só de não ter sido concebido nos Alpes Suíços. Sem contar que dlgum designer de bolachas da Kraft metido a artista teve a BRILHANTE idéia de colocar o chocolate na bolacha. “Ai, como sou criativo e revolucionário, mamãe!”. Imbecil. A Nestlé sim sabe o que está fazendo, com sua bolacha tradicional e visionária, que possui o melhor do que há no universo das bolachas recheadas.

Mas o mais nojento era o desenho das bolachas. Cabeças humanas. Obviamente, a Kraft estava tentando agradar ao público canibal. Ou seja, eles só estão olhando para uma minoria da humanidade, uma minoria CRIMINOSA, pois o canibalismo é crime. Nós vivemos em uma sociedade civilizada, que não apóia esse tipo de absurdo. Nós somos o topo da cadeia alimentar e, como tal, devemos demonstrar nossa superioridade sobre os “irracionais”, ingerindo alimentos com reproduções pictográficas deles, para que, assim, eles saibam sempre onde devem ficar. Onde é o lugar deles. NO NOSSO ESTÔMAGO.

Sem contar outros problemas, como a fonte usada para o nome da marca, o formato redondo da bolacha (quadrados com formas arredondadas parecem maiores nas mãos, logo são superiores), a tabela nutricional, enfim, tudo naquela bolacha me revoltava.

Decidido a demonstrar para o mundo que eu, o Glorioso Rei do Correto, estava certo, resolvi escrever uma carta para a revista Exame, listando a total incompetência da Kraft em analisar o mercado de bolachas, e que obviamente a Kraft ia falir por conseqüência de tamanha estupidez concentrada num único produto. O mais legal ia ser quando todos percebessem que eu estava certo e o único meio de fazer bolacha direito é o modo Passatempo. Bolacha branca com recheio de chocolate (uma coisa interracial, tipo Blacks on Blondes, alguém anota aí), e não qualquer chocolate, mas chocolate alpino, num formato quadrado com bordas arredondadas e com desenhos de animais.

Foto resgatada da época.

Vocês acabaram de ver a Falácia Highlander em ação. É um conceito muito simples: “Só pode haver um”. Neste exemplo, só pode haver um tipo de bolacha. E, como vocês devem ter percebido, é um conceito absolutamente estúpido.

Mas, como toda santa estupidez que perdura neste mundo, as pessoas fazem questão de manter essa lógica viva. Principalmente quando relacionado à tecnologia. Quem acompanha esses universos sabem do que eu estou falando, coisas como “o Wii vai ser um fracasso, não possui gráficos HD”. Ou “o Chrome vai vencer a guerra dos browsers”. Ou ainda “O iPad é uma idéia estúpida e não vai vender nada pois não há espaço para esse tipo de gadget, as pessoas não precisam disso.

É uma coisa tão entranhada no mundo da tecnologia (tanto que seu nome é uma referência nerd) que a primeira vez que eu ouvi o termo foi num episódio dos Angry Mac Bastards, e, quando fui pesquisar sua origem, a referência mais antiga que eu achei foi num artigo sobre dois modos diferentes de arquitetura de rede (acho) onde os imbecis ficavam brigando sobre qual era melhor e que a outra devia desaparecer. Aparentemente o criador do termo é um cara chamado Jim Waldo. Ele merece uma salva de palmas.

Se bem que não é uma exclusividade desse universo geek, obviamente. Outros campos de conhecimento humano também são fortemente afetados pela Falácia Highlander.

Onde mais será que só pode haver um?

Voltando à problemática da Falácia Highlander: Ninguém nunca ouviu a frase “o que seria do verde se todos gostassem do azul”? Parece que estou lidando com moleques da primeira série. E sim, parece uma tolice, mas essa frase é verdade. As pessoas tem gostos diferentes e necessidades diferentes, e muitas vezes produtos diferentes resolvem suas vidas.

Mas somos bichos egoístas e com a cabeça enfiada dentro do próprio umbigo. Fodam-se os outros, eu estou certo. É o que todo mundo pensa. Inclusive eu.

Da próxima vez que você ver alguma coisa que parece crônicamente estúpida e de qualidade duvidável, respire fundo e veja se não existe algum tipo de gente que vai achar alguma utilidade para isso. Não fuja para a Falácia Highlander.

Eu tenho toda uma série de teorias para explicar o que leva as pessoas a recorrerem à Falácia Highlander. E eu poderia muito bem explaná-las aqui, mas prefiro ir caso a caso, olhando como as pessoas aplicam ela em diversos campos. Sem contar que assim eu crio temas para mais posts.

Por isso, vou parando por aqui. Já me estiquei demais. Mas eu ainda vou voltar neste assunto. Várias vezes. Até virou tag. [Edição: desencanei da tag] Preparem-se.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Regra das Duas Fontes.

Olá. Voltei.

Depois de ficar penando horrores batendo a cabeça na quina da mesa (a mesma de antes) tentando escrever sobre coisas nerds como games e gadgets, percebi que tinha que falar sobre outro assunto antes, algo que influencia tudo o que eu tento vomitar como verdade e que me mantém no cargo de Portador da Tocha da Certeza Absoluta: a regra das duas fontes.

É bem básico, na verdade: para qualquer coisa que eu falo ou escrevo ou expresso através de dança performática, eu tenho que ter visto a informação em duas fontes diferentes.

Competição de dança performática de Bom Jesus do Galho, MG, Agosto de 2011

Em outras palavras, muitas vezes eu travo antes de expelir a verdade no mundo porque eu tô me dando ao trabalho de conferir se é verdade mesmo.

De vez em quando vou encontrar só um estudo ou só uma fonte. Nesses casos vou ver a credibilidade da fonte. Por exemplo, acedito mais no site que compila as pesquisas médicas feitas no mundo do que num blog que afirma que o magnetismo cura doenças. Ou seja, tem que ter uma fonte científica por trás.  

Mas não vou, por exemplo, me dar ao trabalho de realizar um estudo com uma amostragem ampla de cobaias só para ter dados estatísticos provando que levar uma porrada no saco dói. Em alguns casos vou usar minha experiência pessoal. Dói.

Também não vou correr atrás de fontes que não estejam na internet, até porque tudo que é publicado hoje em dia vai parar na internet e se não foi ainda é porque já virou informação desatualizada.

E, para provar que eu realmente pesquisei as coisas, vou tentar sempre colocar os links daquilo que eu pesquisei. Quando for o caso de ser baseado numa experiência pessoal, vou deixar atestado como tal. Do tipo “levei uma porrada no saco e, no meu caso, doeu”.

Para finalizar, duas últimas observações: A Wikipedia é sim uma fonte. Eu considero, pelo menos. Se bem que vou tentar ao máximo usar os links que a Wikipedia usa como fonte ao invés dela mesma.

A Bíblia ou qualquer outra publicação religiosa não é fonte de porcaria nenhuma. Só de conselhos mela-cueca de auto-ajuda e preconceitos sem fundamento. E eu achei que tava faltando alguma coisa para causar uma polêmica vazia neste blog. Agora tem.

Enfim, chega de continuar me justificando. Vou tentar postar ainda esta semana o artigo sobre games e gadgets que eu comecei. Até depois.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Olá, Mundo.

Bem, depois de muito tempo, finalmente fiz um blog. Sim, queria entrar nessa novidade. Meu próximo passo: um Yahoo Group. Em seguida, uma página pessoal no Geocities e, quem sabe, consiga fazer minha BBS logo após.

Devo dizer que meu projeto original era fazer um blog em quadrinhos. Até tinha terminado a primeira história, mas percebi que isso dá uma preguiça filha da puta. Tipo, cansa pra caralho ficar arranjando os meus bonequinhos em posição e diagramar balões e etc. Escrever e postar direto é mais fácil e rápido.

Mas, como tudo mais que faz sentido no mundo, resolvi fazer isto aqui direito, de um modo que me dê trabalho e eu fique com preguiça invariavelmente. Ou seja, vocês estão perante uma experiência web 3.0 com elementos multimídia imagéticos que acrescentam à construção diegética do lirismo presente nas minhas dissertações online. Tipo essa parte da minha HQ do projeto original do blog:


Enfim, agora o motivo de fazer um blog, ainda mais um com este nome (ver header). Originalmente ia ser a continuação as minhas antigas colunas “B de Bermuda” que eu tinha no fanzine/blog “Vamos Dominar o Mundo!” com o Calça, onde eu ia NERDar sobre NERDices. Elaborei um pouco mais e acrescentei uma pitada de ódio na lógica do blog: ou seja, ia basicamente reclamar das coisas que eu gosto.

Mas aí percebi o óbvio: TODO SANTO BLOG PESSOAL É ISSO. Deu uma brochada básica.

Algum tempo depois, fui apresentado a essa coisa chamada Tuíter. Me pareceu uma coisa muito estúpida a princípio, um tipo de feira de rua onde as pessoas fazem declarações randômicas em alto-falantes na esperança de chamar atenção para si. Resolvi entrar com um handle piada: @eu_estou_certo. Do tipo, já que todo mundo está lá mesmo para vomitar opiniões e massagear o próprio ego, meu handle ia ser a epítome disso.

Com o tempo, percebi que o Tuíter é mais do que eu pensei a princípio: na verdade, ele é um tipo de feira de rua onde as pessoas fazem declarações randômicas em alto-falantes na esperança de chamar atenção para si e para as coisas que gosta/odeia. E isso é bem mais melhor de bom. Pois assim ficou bem mais fácil espalhar coisas legais, de vídeos bestas a notícias importantes para o mundo, de sites horrorosos feitos na década de 90 a obras de arte que engrandecem a alma e alimentam a esperança na humanidade.

Mas meu handle continuou o mesmo: @eu_estou_certo. Comecei até a me sentir meio infantil, achando que a piada ia se perder e eu só ia parecer um Avassalador Sou Foda Digui Din.

Só que, alguns meses atrás, trombei com um podcast absolutamente fantástico: Angry Mac Bastards. Basicamente são caras urrando revolta contra esse puta monte de merda que retardados mentais que foram recusados para o cast dos Teletubies falam sobre a Apple. É engraçado pra cacete. Isso me animou, me mostrou que é possível vomitar ódio de um jeito engraçado e divertido.

Acrescentando a ele teve o Cracked e o Skeptoid, que me animaram ainda mais a cuspir na cara de quem merece.

Conclusão: resolvi bater o metafórico pau na mesa vestir a camisa de Deus Dourado da Verdade e berrar umas verdades para o mundo.

Photoshop Level 100

Isso quer dizer que eu vou estar certo sempre? Bem, no momento em que eu aperto “Post”, sim, eu estou absolutamente certo, de acordo com a minha opinião. Se eu mudar de idéia, descobrir algo novo ou coisa parecida, faço outro post onde me corrijo. Meu eu do futuro vai sempre estar mais certo que meu eu do passado.

Enfim, chega de me justificar e me explicar. Vocês já entenderam como Equestria surgiu. Quem quiser, continue lendo este blog, que algum dia eu conto como ganhei minha Cutie Mark.